O Histórico do Candomblé e sua Origem, pois o Candomblé é uma religião originária da África, trazida ao Brasil
pelos negros escravizados na época da colonização brasileira. A
presença das religiões africanas é uma conseqüência imprevista do
tráfico dos escravos, que determinou a afluência de cativos Gegês e Nagôs (Daomeanos e Yorubás), trazidos da Costa dita dos Escravos e desembarcados, principalmente, na Bahia e em Pernambuco.
A extraordinária resistência oposta pelas religiões africanas às formas de alienação e de extermínio haveria de surpreender. A religião
foi tolerada porque os senhores julgavam as danças e os batuques
simples divertimentos de negros nostálgicos, úteis para que eles
guardassem a lembrança de suas origens diversas e de seus sentimentos de
aversão recíproca.
O Candomblé se difundiu no Brasil
no século passado, com a migração de africanos como escravos para os
senhores de terra. A população escrava no Brasil consistia quase
totalmente de negros de Angola. No momento da chegada dos nagôs,
um século e meio de escravidão havia passado, destribalizando o negro e
apagando seus costumes, crenças e sua língua nacional. Mas o elemento
africano, resistiu e criou uma forma de cultuar seus deuses através do
sincretismo com os santos católicos.
Mesmo levando em conta a pressão social
e religiosa, era relativamente fácil para os escravos, na sonolência
geral, reinstalar na Bahia as crenças e práticas religiosas que trouxera
da África, pois, a igreja católica estava cansada do esforço
despendido na criação de irmandades de negros como tentativa de anular
toda sua cultura, mas todos os meses novas levas de escravos, adeptos ao culto aos Orixás, desembarcavam na Bahia.
Por volta de 1830 três negras conseguiram fundar o primeiro templo de sua religião na Bahia, conhecida como Ylê Yá Nassó, casa da mãe Nassó.
(Nassó seria o título de princesa de uma cidade natal da costa da
África). Esta seria a primeira a resistir às opressões católicas, desta
casa se originam mais três que sobrevivem até hoje e que fazem parte do
grande Candomblé da Bahia, sendo elas: O Engenho velho ou Casa Branca, Gantóis, cuja ilustre dirigente foi mãe menininha do gantóis (falecida em 1986) e do Alaketu.
Os Candomblés
se diversificaram desde 1830, a medida que a religião dos nagôs se
firmava, primeiro entre os escravos e for fim, no seio do povo. Hoje há
quatro tipos de Candomblé ou Candomblé de quatro nações: Kêtu (povo
nagô), Jêje (povo nagô, mas obedientes a uma outra cultura),
Angola-congo (povo bantu, este culto é mais abrasileirado) e de caboclo
(cultuam mais os caboclos, mistura-se com a Umbanda).
O Candomblé baseia-se no culto aos Orixás,
deuses oriundas das quatro forças da natureza: Terra, Fogo, Água e Ar.
Os Orixás são, portanto, forças energéticas, desprovidas de um corpo
material. Sua manifestação básica para os seres humanos se dá por meio
da incorporação. O ser escolhido pelo orixá, um dos seus descendentes, é chamado de elegum,
aquele que tem o privilégio de ser montado por ele. Torna-se o veículo
que permite ao orixá voltar à Terra para saudar e receber as provas de
respeito de seus descendentes que o evocaram. Cada
orixá tem as suas cores, que vibram em seu elemento visto que são
energias da natureza, seus animais, suas comidas, seus toques
(cânticos), suas saudações, suas insígnias, as suas preferências e suas
antipatias, e aí daquele que devendo obediência os irrita.
A
síntese de todo o processo seria a busca de um equilíbrio energético
entre os seres materiais habitantes da Terra e a energia dos seres que
habitam o orum, o suprareal (que tanto poderia localizar-se no céu -
como na tradição cristã - como no interior da Terra, ou ainda numa
dimensão estranha a essas duas, de acordo com diferentes visões
apresentadas por nações e tribos diferentes). Cada ser humano teria um orixá protetor,
ao entrar em contato com ele por intermédio dos rituais, estaria
cumprindo uma série de obrigações. Em troca, obteria um maior poder
sobre suas próprias reservas energéticas, dessa forma teria mais
equilíbrio.
Cada pessoa tem dois Orixás.
Um deles mantém o status de principal, é chamado de orixá de cabeça,
que faz seu filho revelar suas próprias características de maneira
marcada. O segundo orixá, ou ajuntó, apesar de distinção hierárquica,
tem uma revelação de poder muito forte e marca seu filho, mas de maneira
mais sutil. Um seria a personalidade mais visível exteriormente, assim
como o corpo de cada pessoa, enquanto o outro seria a face oculta de sua
personalidade, menos visível aos que conhecem a pessoa
superficialmente, e às potencialidades físicas menos aparentes.
Como qualquer outra religião do mundo, o Candomblé possui cerimoniais específicos para seus adeptos porém, esses ritos mostram singularidades especialíssimas, como a leitura de búzios (um primeiro e ocular contato com os Orixás), a preparação e entrega de alimentos para cada uma das entidades ou as complexas e prolongadas iniciações dos filhos-de-santo. Através
da observância desses procedimentos é que o Candomblé religa os humanos
aos seres astrais, proporcionando àqueles o equilíbrio desejado na
existência.
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